A foto da mesa

Muitas pessoas em Venceslau estão passando fome. E tantas outras não conseguem botar comida decente na mesa. Não conseguem pagar boletos. Não conseguem um trabalho decente. É tudo bico. A pandemia social que sempre isolou os pobres continua.

Entre os sonhos e a sobrevivência, as famílias tem deixado os sonhos ficaram de lado outra vez. E novamente, a esperança fica no esquecimento, mas o que importa é ter a pompa junto ao governador e na prática não trazer nada para cidade, quanto mais isso vai custar ao contribuinte, essas “selfies”?

É imensamente triste assistir ao vivo e em cores, ao jogo asqueroso que a política pode ser.

Uma das questões que mais aparece nas conversas que realizo com a população é o fato, absolutamente comum, de que os eleitores estão se sentindo abandonados pela política, descartáveis, humilhados pelos jogos de poder de quem só pensa em cargos e status do poder.

Uma política feita por elites e para as elites, em que só a ambição é válida. E, de repente, chega os “Dorias” da vida, dos tantos que ainda virão, e ganha a esperança daqueles desesperançosos, daqueles que sempre se sentiram ultrajados pelos políticos que só almejam um carguinho.

E chega essas pessoas mesquinhas, ganham, e nos preguntamos, assustados, por quê.

“A política é um lixo, é tudo corrupto, é só benefício pessoal”. “Tem que tirar essa corja daí. Fora todos. É tudo igual”. Não, mas veja bem, senhor, senhora, nem todo político é igual, há político decente, há político que se preocupa com o povo, há político que luta pela nossa dignidade, há político que se importa por algo além de cargos, roupas caras e status com a elite, há político que se importa com você.

Sim, temos de nos reencantar com a política. Temos de nos reconectar com os partidos e com a população, temos de estar nas ruas, nos bairros, mostrar que a política pode ser outra coisa, que a política é outra coisa, porque sabemos que a antipolítica, o antipartidarismo, só engendra monstros covardes.

Mas, em dias como a foto de políticos jogados em cima da mesa do executivo, eu sinto um nó no estômago. Um misto de desprezo e desilusão. Fica um sentimento de amargor, de tristeza, que só irá embora quando as próximas pesquisas mostrarem o real motivo do desespero da Deusa Éris, empacada em sua própria arrogância e perdida em sua própria vaidade, afinal cada político trabalha de acordo com o tamanho do seu ego não é mesmo?

Provavelmente, esse sentimento de amargor se transforme em outro, no sentimento de uma pequena vitória vingativa dessas que, às vezes, salvam os nossos dias.

Por enquanto fica o amargor. Porque só para alguns só o cargo e o status importa.

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